Classificação Embrionária

Durante todo o procedimento de fertilização in vitro, os embriologistas utilizam padrões e critérios morfológicos consolidados na literatura médico-científica para avaliar desde os gametas masculinos e femininos, como também os embriões em todas as etapas do desenvolvimento embrionário. Dessa maneira, durante a captação oocitária, o médico fornece ao laboratório tubos com fluido folicular, onde sob esteriomicroscóspio, é inspecionado pelo embriologista à procura dos complexos cumulus oócitos (COCs). Os COCs são contabilizados e classificados de acordo com a morfologia e compactação das células ao redor do oócito, o que indica o grau de maturidade do oócito. São classificados em:

  •  Grau I: as células do cumulus apresenta fortemente compactadas e aderidas, indicativo de imaturidade oocitária.

  • Grau II: as células do cumulus com início de expansão, indicativo de nível intermediário de maturidade nuclear oocitária.

  • Grau III: as células do cumulus estão expandidas, grandes e dispersas, indicativo de maturidade oocitária (MII).

  • Grau IV: as células do cumulus estão muito dispersas e grandes, indicativo de maturidade avançada, ou seja, pós maduro.

Após período de incubação, os COCs são submetidos ao procedimento de desnudamento das células da granulosa para avalição da maturidade oocitária.

Ao longo do cultivo embrionário, que leva de 5- 7 dias, os embriões formados são avaliados morfologicamente pelos embriologistas, sendo que cada embrião é classificado de acordo com critérios morfológicos específicos. Aqui na Clínica Sesma, os embriologistas utilizam os critérios morfológicos estabelecidos pelo Consenso de Istanbul de 2011 (The Istanbul consensus workshop on embryo assessmet: proceedings of na expert meeting, 2011).

Através da técnica de ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide) ocorre a injeção do gameta masculino (espermatozoide) no gameta feminino, o oócito. Com 18-22hs após a inseminação, seja pela ICSI ou FIV clássica, é avaliada a fertilização através da descondensação da cabeça do espermatozoide formando o pró núcleo (PN) masculino e eliminação do segundo corpúsculo polar, formando o pró núcleo feminino. Assim, a fertilização do oócito pelo espermatozoide é confirmada através da visualização de dois pronúcleos (2PN) no citoplasma do oócito e de 2 corpúsculos polares no espaço perivitelínico, sendo este o primeiro dia de cultivo embrionário (D1). Porém, erros de fertilização podem ocorrer, como o  não desenvolvimento do PN masculino ou feminino, formação assincrônica dos PN, não extrusão do segundo corpúsculo polar ou até penetração de mais de um espermatozoide no oócitos (em casos de FIV clássica). Dessa maneira, o embriologista capacitado sabe identificar o erro e tomar a conduta recomendada para cada caso, como o descarte de zigotos com 3PN.

No segundo dia (D2) após inseminação e terceiro dia de cultivo embrionário (D3), é o estágio de clivagem, o qual inclui um sistema de pontuação através da avaliação de três parâmetros morfológicos onde cada embrião é classificado e pontuado de acordo:

  • O número de células do embrião,

  • A simetria das células;

  • O grau de fragmentação;

  • A multinucleação.

No quadro abaixo estão descritos os parâmetros morfológicos de avaliação dos embriões nos dias 2 e 3. Por exemplo, embrião com 4 células de tamanhos iguais e sem a presença de fragmentação e multinucleação, é classificado como 4 grau 1 (4G1) (Figura 1a,b), sendo este embrião com bom potencial de desenvolvimento ao estágio de blastocisto. Agora, embrião com 4 células classificado como grau 2 (4G2), ele apresenta células de tamanhos desiguais, fragmentação acima de 10% do tamanho do embrião e não apresenta multinucleação, este é um embrião com potencial razoável. Já, um embrião de 4 células classificado como grau 3 (4G3) onde as células não apresentam simetria, mas possuem muita fragmentação e multinucleação.

No quinto dia de cultivo embrionário (D5) é esperado o embrião ter desenvolvido até a fase de blastocisto, onde cada embrião pode apresentar-se em diferentes estágios de desenvolvimento de blastocisto. Por isso, é realizado a classificação de cada blastocisto de acordo com o estágio de desenvolvimento, morfologia da massa celular interna (MCI) e das células do trofoectoderma (TE). Dessa maneira, podemos escolher os blastocistos com maior potencial de desenvolvimento e implantação para serem transferidos para o útero materno.

Escrito por: Dra. Daiane Lopes Bulgarelli Colateli

Embriologista