Quando um casal se submete a tratamentos da Reprodução Assistida, eles sabem da possibilidade de vir o tão sonhado positivo, como também o do frustrante negativo. Realmente, esperar 14 dias e ao fazer o Beta HCG se presenciar com um resultado negativo tira o chão desse casal, mexendo com o seu psicológico e, principalmente, fazendo com que levantem o questionamento: Por que o meu positivo não veio? O que há de errado?
Como em todo o tratamento, não existe uma garantia de sucesso, isso é explicado porque, a forma como os embriões reagirão após transferidos ao útero é algo que foge ao nosso controle, sendo que, o melhor processo foi realizado antes dele ser transferido para lá. A partir do momento que realizamos a transferência, depende da “mãe-natureza” realizar o seu papel.
Nesse momento, não somente os pacientes como também, nós médicos, realizamos uma investigação para analisar o que pode ter ocorrido.
Alguns fatores influenciam no resultado do tratamento como:
- Qualidade dos embriões (óvulos e sêmen)
- Alterações Cromossômicas
- Tipo de infertilidade do casal
- Falha de implantação
- Tipo de transferência (a fresco ou congelada)
- Idade do casal
Qualidade dos embriões
Um dos fatores que mais têm relação com a vinda do negativo é a qualidade dos embriões, sendo mais da metade dos casos. Assim, a qualidade do embrião está relacionada com a qualidade dos óvulos e sêmen. Os óvulos coletados podem até estar em boa qualidade morfológica, porém, se os espermatozoides apresentam alterações morfológicas ou com alto índice de fragmentação de DNA, quando estes fertilizados com o óvulo, poderá formar embriões, mas com baixa qualidade.
Um outro ponto importante que devemos considerar é o estágio em que os embriões se encontram no momento da transferência. Quando cultivamos os embriões até o estágio de blastocisto (D5) conseguimos selecionar os embriões com melhor potencial de desenvolvimento, ou seja, aqueles que possuem maiores chances de sucesso. No estágio em D3 não é possível fazer este tipo de seleção, por isso que a chance de vir um negativo é maior do que em estágio de blastocisto, quando ocorre uma seleção. Além disso, existe também a possibilidade de realizar a biópsia genética de embriões quando os mesmos encontram-se em estágio de blastocisto, podendo selecionar os embriões que não possuem alteração genética para serem transferidos.
Alterações Cromossômicas
As alterações cromossômicas estão relacionadas com as alterações cromossômicas do embrião, que acabam impedindo o desenvolvimento e a implantação dos embriões, principalmente em pacientes com mais de 40 anos. Assim, indicamos o exame de cariótipo do homem e da mulher, seno este um exame de sangue simples que identifica as anormalidades cromossômicas que estão “dormentes” em cada um deles, isto é, são características recessivas que não aparecem em um indivíduo, mas que ao serem transmitidas ao embrião poderão tornar-se evidentes e causar doenças que impossibilitam o desenvolvimento do bebê.
Tipo de infertilidade do casal
A infertilidade por si só, independentemente do tipo, corresponde a 20% das taxas de negativos. Quando a paciente possui problemas como a endometriose profunda, as chances de sucesso da FIV são reduzidas.
Falha de implantação
Quando ocorre a falha de implantação, muitas variáveis podem ser responsáveis pelo problema, uma delas está relacionada com o endométrio, que no momento em realizamos a transferência deve estar receptivo, ou seja, para que possa receber os embriões
Como melhorar a receptividade?
Quando ocorre a falha da implantação, alguns recursos para que a mesma não ocorra novamente podem ser utilizados, como a Injúria Endometrial, e também o teste ERA, que consiste na receptividade do endométrio para casos de falhas e implantação. Este teste ERA, indica a janela de implantação, aumentando suas chances de transferência bem-sucedida
Transferência a fresco ou congelado?
Essa é uma das dúvidas que assombram a maioria das pacientes que procuram este tipo de tratamento, vamos explicar o por quê.
A transferência a fresco
A transferência dos embriões a fresco ocorre 3 a 5 dias após a coleta e fertilização dos óvulos com os espermatozoides. Antes de realizar a transferência, é necessário avaliar os seguintes aspectos:
- O endométrio, local em que os embriões serão depositados, esteja trilaminar com espessura superior a 8mm, estando com este aspecto dizemos que ele está mais receptivo para implantar os embriões;
- Se houve hiperestimulação ovariana, quando a paciente produz mais que 15 óvulos e formou-se líquido no abdôme;
- Protocolo de medicamento utilizado para estimulação ovariana.
Transferência de embriões congelados
Diferentemente do que ocorre com a transferência de embriões a fresco, a transferência de embriões congelados, consiste na técnica de fertilizar os óvulos com os espermatozoides e após 3 ou 5 dias realizar o congelamento desses embriões para que sejam transferidos futuramente.
Idade do casal
Como sabido, a idade do casal também interfere no sucesso do tratamento, principalmente da mulher, que ao longo os anos vai reduzindo suas chances devido a diminuição da reserva ovariana. Quanto mais idade ela tiver, menores serão as suas chances utilizando os seus próprios óvulos. Quando verificado que a paciente não possui mais óvulos, ou, sua chance de sucesso utilizando os seus próprios óvulos são escassas, pode-se utilizar óvulos de doadoras anônimas. Já, o homem, produz os espermatozoides ao longo da vida, não tendo a sua fertilidade afetada, porém, existem alguns casos em que sua produção diminui, sendo necessário partir para o método do tratamento de Fertilização In Vitro (FIV) através da técnica de ICSI (Injeção Intracitoplasmática de espermatozoides).